Vêm das Caldas da Rainha, andam nestas lides há coisa de 2 anos e 5 meses e tocam um hardcore old school. Chamam-se Step Out e depois do lançamento da Demo "Always True" em 2007 têm vindo a ser uma presença cada vez mais constante nos palcos nacionais. Por todas estas razões os Step Out são hoje a banda entrevistada para o blog 4TK.
- 4THEKIDS: Os Step Out tiveram origem numa “antiga” banda das Caldas da Rainha, os “Standpoint”. O que mudou desde esses tempos até hoje na banda? Foi apenas uma mudança de nome ou mais do que isso?
STEP OUT: Olá! Em primeiro lugar queremos agradecer o apoio dado pelo 4THEKIDS, quer na divulgação de novidades em relação à banda, quer de novos concertos e etc… Os Step Out, tal como disseste em cima, são uma banda que surgiu há cerca de 2 anos e pouco, renascidos das cinzas dos Standpoint, que foi a meu ver, a banda que começou a mexer algo no movimento hardcore nas Caldas da Rainha
A meu ver, houveram grandes mudanças e não foi só pelo nome… Em 1º lugar, cada um de nós amadureceu e cresceu, (falando a nível pessoal), o que permitiu que houvesse também uma mudança e um crescimento a nível de colectivo e nos possibilitou também uma maior consistência a nível musical… Não quero com isto dizer que o nosso som mudou radicalmente, pois tal como na antiga banda, os Step Out tocam também um hardcore old school, simples e energético, mas, a meu ver mais maduro e mais trabalhado que na antiga banda.
- 4THEKIDS: Apesar das Caldas serem um meio relativamente pequeno, como descreveriam a evolução (ou falta dela) do movimento na vossa terra natal?
STEP OUT: Caldas sempre teve uma boa cena Hardcore, os concertos sempre tiveram bastante afluência, acho que é um movimento em evolução mas não uma evolução que se note de concerto para concerto, lentamente vamos conseguindo despertar a atenção de mais gente, há mais gente interessada em pesquisar por bandas do mesmo género e vamos dando a conhecer algumas da nossa eleição nos nossos concertos.
Dá-nos um gozo tremendo ver cada vez mais “putos” cantar as nossas musicas…é sem dúvida um bom movimento, do qual nos orgulhamos.
- 4THEKIDS: No concerto que deram com Fumbles in Life, tive a oportunidade de ouvir o Miguel dizer que brevemente terão um álbum cá fora. Querem deixar-nos algumas dicas do que vamos poder esperar deste trabalho?
STEP OUT: Sim, podemos falar-te um pouco disso e/ou o que temos em mente e o que esperamos que será esse novo trabalho e esse novo passo… O que temos planeado é gravar 9 ou 10 novas musicas. Podem esperar sons rápidos, energéticos com uma mistura de “agressividade”, letras simples, directas, partes mosh e muitos sing-alongs.
Neste momento, a nossa prioridade tem sido tocar ao vivo o máximo que conseguimos, de forma a apresentar a demo e dar a conhecer as músicas e a banda, mas, temos aos poucos, começado a trabalhar em novas músicas (aliás, uma das músicas que fará parte desse novo trabalho já foi apresentada e tem sido tocada ao vivo nos últimos concertos que demos e as criticas têm sido bastante positivas). Nos ensaios, procuramos sempre trabalhar ideias novas para que novas músicas possam surgir e posso adiantar que, temos já duas novas músicas para o novo trabalho, sendo que uma delas ainda não está totalmente pronta e além de alguns acertos a nível estrutural.
Não queremos estar sob a pressão de termos que fazer músicas novas, porque a meu ver, as ideias vão aparecendo quando menos esperamos. Estamos a fazer as coisas com calma e o único prazo que falámos foi que seria bom ter esse novo trabalho pronto até ao final deste ano e é para isso que estamos a trabalhar. As ideias estão cá e aos poucos estamos a aplicá-las e a trabalhar nelas.
Entre a demo e este novo trabalho, a minha opinião é que, em termos de som, as músicas vão ser um pouco mais directas consistentes, mas a base hardcore old school estará sempre presente…
- 4THEKIDS: Quais são as vossas maiores influências?
STEP OUT: Esta é a meu ver uma questão mais pessoal. Acho que cada um de nós tem as suas influências e isso acaba por funcionar bem no conjunto. Mas acho que de uma forma geral, o nosso som é bastante influenciado em bandas de hardcore old school (algumas mais antigas e outras mais recentes), e posso dar alguns exemplos, tais como Minor Threat, Ten Yard Fight, Reaching Forward, Floorpunch e Get The Most…
- 4THEKIDS: O processo de construção de músicas como é que decorre? Costuma ser algo problemático ou é fácil para vocês chegaram a um consenso? E já agora, quem é o responsável pelas letras e que temas gostam de abordar?
STEP OUT: Não é difícil para nós chegar-mos a um consenso porque todos nós surgimos com ideias quando é para fazer algo novo, demoramos algum tempo até ficar tudo definido, por exemplo o Diogo faz uma musica de cabeça em casa, o Miguel faz uns riffs em conjunto com o Adolfo e o Pedro, vamos experimentando até estarmos todos de acordo com o resultado, depois fazemos uma letra, ou o Miguel ou o Diogo e por vezes vamos modificando as musicas até ao dia da gravação.
- 4THEKIDS: Nisto do Hardcore, vocês acham que existe algum tema tabu ou deve haver liberdade para falar de tudo, como de política, por exemplo …? Isto porque, como vocês sabem, há quem vos critique de a vossa crew ter pessoal de extrema direita…
STEP OUT: Acho que no hardcore não deve haver políticas ou o tal tema tabu, mas sim haver a liberdade para falar de tudo um pouco e de tudo aquilo que queremos falar e partilhar com todos aqueles que nos ouvem e lêem as nossas letras... Normalmente, tentamos sempre falar um pouco de tudo, desde a amizade e a união, a temas mais pessoais… Não queremos impor nada a ninguém. Apenas tentamos partilhar as nossas opiniões e maneira de ver as coisas e se alguém não concordar, tudo bem, mas se alguém concordar, tudo bem na mesma… Acima de tudo, tentamos ver a vida de uma forma positiva e é isso que tentamos transmitir…
Sim, pelo que sei, já recebemos algumas criticas por 1 amigo da banda ser de extrema direita… Acho que acima de tudo, isso é uma opção pessoal de cada um e ele fez a dele… Está sempre presente em qualquer um dos nossos concertos, dá o seu melhor para nos conseguir ajudar em tudo o que precisarmos e nunca nos causou quaisquer tipo de problemas, quer nas Caldas ou a qualquer sitio onde se deslocou com a banda...
Independentemente do caminho que seguiu e dos ideais que tem, ele é um grande amigo e apoio para a banda, e apesar de não concordarmos com alguns dos seus ideais e temas que nos dias de hoje são uma realidade bem forte e presente na sociedade e no nosso dia-a-dia, tais como a discriminação racial, sexual e etc., ele sempre respeitou a nossa posição, forma de pensar e agir, assim como nós respeitamos a dele…
Sinceramente não nos importa muito o que pensam de nós…
- 4THEKIDS: Sei que a Juventude Positiva records tem feito a distribuição do vosso trabalho na América do Sul. Li também no myspace deles que planeiam uma tour pela América Latina em
STEP OUT: Sim, essa foi uma enorme surpresa para nós… Quando o Binha (Juventude Positiva Records) nos contactou a felicitar-nos pelo trabalho que temos desenvolvido, falou logo em querer ajudar-nos e dar-nos a conhecer no Brasil… Ao que sei, o primeiro passo seria divulgar ao máximo a banda e reeditar a nossa demo “Always True” com um cover design novo e diferente do que foi apresentado cá e já com o selo Juventude Positiva Records… Eles pretendem divulgar a banda ao máximo para então podermos passar ao segundo passo, que seria então a tour pelo Brasil em 2009, como banda suporte dos Positive Youth…
Também a Fragment Records (Colombia) irá reeditar a nossa demo e divulga-la. Em breve também teremos algumas cópias dessa reedição para venda.
Alargar os nossos horizontes é algo que ambicionamos e queremos muito tocar fora de Portugal, pois é algo que sempre sonhámos mas nunca surgiram oportunidades em concreto…
A internacionalização é para nós, bastante importante, pois permite-nos juntar o útil ao agradável, ou seja, permite-nos conhecer outras cidades e outros países, outras bandas e trocar impressões com as mesmas e ao mesmo tempo fazermos aquilo que nos dá mais gozo fazer, que é tocar e passar bons momentos em palco… Vamos ver no que irá resultar…
- 4THEKIDS: Esta costuma ser uma pergunta recorrente, mas que se impõe: como vêem actualmente o estado da cena Hardcore em Portugal? Temos promotores novos, bandas novas, zines novas, mas ainda assim parece sempre que falta qualquer coisa … o que acham que é?"
STEP OUT: Acho que a cena hardcore em Portugal podia ser bem melhor, nota-se uma pequena divisão entre as bandas de old school e o hardcore chamado beatdown ou hardcore mais pesado como lhe quiserem chamar. A nível straight edge já houve uma boa cena no nosso País, boas bandas de old school que se referenciaram em Portugal e lá fora. O hardcore não é uma moda e se existem pessoas a pensar assim não fazem cá falta e só estragam o movimento, o importante é haver união por parte de quem faz algo pelo hardcore.
É lógico que achamos sempre que falta algo e na minha opinião, o que falta na cena nacional é uma maior aposta por parte do(s) grande(s) promotor(es), nas bandas novas, que estão a crescer e a lutar por uma oportunidade, por uma porta que se abra e poderem mostrar aquilo gostam e sabem fazer… Muitas das vezes o factor “amigo” é o que leva muitas bandas a estarem presentes em shows de outra dimensão, o que lamento!
- 4THEKIDS: O Hardcore é um dos “meios” onde ainda vão resistindo alguns dos suportes mais antigos de música: a k7 e o Vinil. Actualmente o MP3 e a venda online de música fazem com que até o CD comece a ser algo obsoleto. Como é que vocês vêm esta evolução? Acham que algum dia só vamos poder adquirir música de forma digital? E já agora como encaram os downloads “ilegais”?
Adolfo (STEP OUT): Da minha parte, a K7 e o Vinil, são suportes que irei sempre preservar, pois ainda oiço bastantes lançamentos nesses mesmos suportes e sempre que posso vou comprando uns discos… E o mesmo em relação ao CD… É uma evolução esperada, acho que com o avanço da tecnologia, mais dia menos dia, era de esperar esta mudança no formato de partilha e compra de música, mas penso que não é por isso que vão deixar de existir outros suportes, tais como o CD… Para mim, o importante do CD e outros suportes físicos, é o facto de poder estar a ouvir e ter comigo o livro com toda a informação que nele contém, quer sejam letras, quer sejam informações sobre a banda. Como tal, acho que apesar de poder vir a haver uma diminuição na compra de música nos suportes físicos, o formato digital nunca irá superar na totalidade ou até mesmo fazer com que esses mesmos formatos, tais como o CD, se extingam…
O download de música ilegal é a meu ver um assunto algo delicado… Pois surge a questão do valor da arte… A arte é feita para ser vendida ou para ser partilhada? Na minha opinião, acho que o facto de hoje em dia, grande parte das pessoas adquirir música de forma ilegal, deve-se ao facto das grandes industrias só terem pensado somente nos lucros e não se souberam precaver dos avanços tecnológicos… Deitaram-se na cama que fizeram! Para mim não é chato, até porque se calhar, a maior parte da música que tenho foi adquirida dessa forma…
- 4THEKIDS: Bem, resta-me agradecer o tempo dispendido! Desejo-vos a melhor das sortes para o futuro e fico então à espera do vosso próximo trabalho! Para finalizar, querem deixar algumas palavras finais para os leitores?
STEP OUT: Em primeiro lugar, queremos agradecer-te a ti (Frodo) e ao 4THEKIDS e felicitar-vos pela vossa excelente prestação, desempenho e dedicação na cena hardcore em Portugal…
Queremos agradecer também, a todos aqueles que nos acompanham (UNITED CREW/ CRHC) e a todos aqueles que de uma forma ou de outra nos apoiam e apoiaram.
Obrigado a todos!