"Concorde-se ou não com a ideologia sobre a qual os Day Of The Dead baseiam a sua existência, a verdade é que o colectivo lisboeta tem uma mensagem mais que válida para passar - e deve ser respeitado por isso. Até porque o straight-edge acaba por não ser a única lição a tirar quando se olha para a banda formada pelo vocalista Ricardo, pelo guitarrista Nuno, pelo baixista Luís e pelo baterista João... Formados em 2001, os quatro músicos tomaram o destino nas suas mãos, auto-financiaram os seus discos e, em apenas cinco anos, já conseguiram fazer duas digressões europeias, uma norte-americana e outra no Brasil. Houvesse mais bandas assim por cá - com esta garra e força de vontade, empenho e dedicação pela música que fazem - e o movimento underground nacional seria visto, com toda a certeza, de forma bem diferente por esse mundo fora. Para a gravação deste longa-duração de estreia - há alguma tendência a ditar que os discos de hardcore não podem ter mais de 30 minutos?!? - os Day Of The Dead juntaram-se à editora independente norte-americana State Of Mind e apresentam um registo que não fica a dever absolutamente nada ao que se faz lá fora neste espectro. Dando um passo lógico em relação à sonoridade que já tinha explorado no EP "Old Habits Die Harder" - e também nos splits com Ruiner e Damage Done - o quarteto continua a destilar hardcore rápido com óbvias influências punk-rock (bem patentes na colaboração com Joaquim Albergaria, vocalista dos The Vicious Five, no tema título) e uma incrível sinsibilidade melódica que, apesar de nunca ser totalmente assumida, acaba por fazer toda a diferença em relação a tantas outras propostas deste espectro. A qualidade sonora, por exemplo, é irrepreensível. A produção de Sarrufo, nos estúdios Crossover, aliada ao trabalho de masterização, cortesia do nova-iorquino Tom Hutten, prova que é possível dar cartas a partir de uma base 100% DIY. Basta dizer que, quando chega o ingrato momento de traçar comparações, os primeiros nomes que nos venham à cabeça sejam de alguns dos colectivos mais bem sucedidos neste estilo durante os últimos anos - Unbroken, Give Up The Ghost, Modern Life Is War e quejandos. Os Day Of The Dead e o seu "A New Healing Process" são mais uma prova irrefutável do crescimento e evolução que o movimento punk/hardcore nacional tem sofrido nos últimos anos."
[8] - José Rodrigues @ Loud! Magazine #72
[8] - José Rodrigues @ Loud! Magazine #72